Quem Se Vai Lembrar? Lyrics
- Genre:Alternative
- Year of Release:2024
Lyrics
Ela deu-me uma faca p'rá mão
E disse-me:
"Se tudo correr mal, usa isto."
Ela tinha enfiado um capacete
Na cara dela
Enquanto ainda estava grávida
Só porque quase iam caindo de mota.
Ela esperou 16 anos
P'a finalmente pedir p'a se ir embora.
E ele?
Entrou pela porta no Natal bêbado,
Em frente a todos os amigos,
E ao chão mandou a árvore.
E depois ainda me perguntou
Se eu achava bem o que estava a acontecer.
Cada um faz a cama onde dorme,
E a mim já não custa adormecer
Quem se vai lembrar
O que eu vou esquecer
E aquilo que foste,
Naquilo que sou
E tudo o que eu já não vou ser
Ela só o queria ver feliz,
E ele só se agarrava à garrafa.
Perguntou-me por que é que não ia no carro com ele.
E eu perguntei-lhe a ele, se ele entendia o quanto bêbado estava.
Ela queria mais,
Mas ele nunca mais se achou.
Ela agora está feliz,
E ele apodrece em casa da mãe
A mãe que nunca a aprovou.
Quem se vai lembrar
O que eu vou esquecer
E aquilo que foste,
Naquilo que sou
E tudo o que eu já não vou ser
Ela tinha sonhos de encontrar um homem bom,
Que soubesse cuidar dela.
Ele nunca conseguiu largar os fantasmas do passado,
Que de fantasmas nunca tiveram nada.
São só desculpas para ele continuar a fazer o que sempre quis:
Fechar os olhos ao quanto realmente foi feliz,
Mesmo acabando por ignorar o seu petiz,
O seu pequeno Cris.
Perdeu o pai,
Mas também nunca soube dar um ao filho.
Mulheres, álcool e drogas
Sempre foram coisas boas,
Principalmente quando queremos continuar a fingir que somos vítimas
E, no final, não queremos fazer nada p'a mudar isso
Confuso com o que era suposto ser a vida,
Agarrei-me eu a um vício que só me veio destruir.
Só bem mais tarde é que entendi
Que a melhor solução, às vezes, é deixar e partir.
Quem se vai lembrar
O que eu vou esquecer
E aquilo que foste,
Naquilo que sou
E tudo o que eu já não vou ser
E no final desta história,
Ela tem uma vida que inveja a muita gente,
E esses merdas continuam infelizes,
Não falam com ninguém,
E ninguém vive contente.
Vivem de costas viradas uns para os outros.
É o que acontece a quem sempre se achou melhor.
Toda a gente não presta,
Mas é engraçado que os outros parecem felizes
E vocês nunca o fizeram.
Podemos não ter muito,
Podemos ser muito barulhentos,
Mas deste lado temos uns aos outros,
E por si só chega,
Chega para sermos contentes.
E ele?
Bem,
Ele continua agarrado ao excesso.
Perdeu tudo e todos,
Não tem casa nem futuro,
Não tem esperança nem trabalho,
Perdeu a saúde aos poucos,
E aos poucos vai-se perdendo,
Isto é que, se alguma vez se encontrou.
Quem se vai lembrar
O que eu vou esquecer
E aquilo que foste,
Naquilo que sou
E tudo o que eu já não vou ser
Quem se vai lembrar
O que eu vou esquecer
E aquilo que foste,
Naquilo que sou
E tudo o que eu já não vou ser
Dá-me pena olhar para ele, sabem?
Dói-me saber o que se passou,
Mas desculpa, pai,
A mim também foi esta a sorte que calhou.