Cheque Em Branco ft. Mello & Mace Lyrics

Não conto as vezes que sonho acordado,

Sozinho com as sombras do meu quarto.

Sei que tenho erros no passado,

Alguns ainda hoje são um fardo.

Ando a tentar fugir daqui, pa' longe,

Poder olhar, ver a linha do horizonte.

Dizer à minha filha que o pai está cá hoje,

Que está tudo bem, que a vida está mais doce.

Eu conheço os ares aqui,

Se me perguntares, não vai fazer sentido,

Que eu sei bem aquilo que eu quero pa' mim.

Problemas aparecem, eu não desisti, mas:

Se queres que eu seja franco,

Se eu tivesse um cheque em branco,

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.

Resolvia os meus problemas amanhã,

Ias ver-me confortável pelo ecrã.

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.

A querer refúgio dos demônios que me assolam, já faz tempo,

E a deixar evidente que eu não quero 'tar nesta fila.

Um dia acordas e não queres ter mais pendentes,

Relações convenientes, eles querem favores e elas p*la.

Então, de forma transparente, o meu instinto é bazar, pa' longe,

Mostrar um dom distinto só pa' queimar pontes.

Não pensar mais em guito, pagar tudo a pronto.

Mano, eu não quero ser rico, eu só quero conforto,

Safar os tropas com quem dividi o pouco.

Eu hei de ficar rouco, até achar o meu sossego.

A vida traz batalhas, eu sempre quis dar o troco,

Mas vitória é dizer à cota para largar o emprego.

Ter ao lado uma gostosa que faz lembrar a Pocahontas,

Que não achou a estrada pronta, e ainda me inspirou pó' plano.

Exclusividade, parceria e lealdade,

Numa herdade protegida por um rafeiro alentejano.

Se queres que eu seja franco,

Se eu tivesse um cheque em branco,

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.

Resolvia os meus problemas amanhã,

Ias ver-me confortável pelo ecrã.

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.

Cheque em branco, pa' dar cor à vida,

Porque a vida já não é como outrora via.

Eu não sabia, quanto mais subia a escadaria,

O preço seria o maior adereço que se queria.

Eu cá não peço muito, não tenho muitos sonhos.

Aqui, o maior de todos era viver do que eu ponho

No papel, e poder ver os cotas numa casa nova,

Ou, mesmo que seja a mesma, com paca, lá se inova.

E à minha volta só vais ver a malta que se importa,

Que nunca solta a mão e fica quando o clima aperta.

Nunca se perde a pica porque o verso me alimenta,

Enquanto me perco na dica, a ver se me oriento.

Ultimamente, o tempo passa e eu nem vejo,

Eu fraquejo, mas espero nunca perder o traquejo.

Não gaguejo, e que a verdade nunca durma,

Pa' um dia 'tar à vontade na herdade do Druma.

Se queres que eu seja franco,

Se eu tivesse um cheque em branco,

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.

Resolvia os meus problemas amanhã,

Ias ver-me confortável pelo ecrã.

Não ias ouvir falar de mim,

Não me ias encontrar.