
Força Motriz ft. Maria Antónia Mendes Lyrics
- Genre:Pop
- Year of Release:2023
Lyrics
Que cara triste é essa que trazes, camarada?
A luta é dura, a noite é escura e longa é a estrada
Não me sobra tempo, nem dinheiro, estou cansada
Mas aos olhos do mundo parece que não fiz nada
Que cara triste é essa que trazes, companheira?
Também é teu o braço forte que empunha a bandeira
Estive vergada sobre o prelo a semana inteira
Passa fome o povo e mataram a ceifeira
Menina
Maquina
Em surdina
Clandestina
Vai à missa
Submissa
Mas quando o sangue ferve ela luta por justiça
Saiu de casa, madrugada, de bicicleta
O sol ainda demora mas já estás irrequieta
Não invejas a sorte da irmã analfabeta
Rezas baixo ao colocar a marca secreta
Quando a morte me levar
Irei de cabeça erguida
Não tenho medo da morte
Tanto como tenho amor à vida
Quando me quiser
Leva uma alma pura
Leva um corpo sem vergonha
Peito aberto cheio de ternura
Não sou feita de pedra
Mas sou dura de roer
Sou fácil de apanhar
E difícil de esquecer
Sou uma mulher
Que vai dentro do caixão
Sou a voz da minha gente
Que se ergue em cada canção
Fizeste Abril e ainda há portas que tu tens de abrir
O Homem Novo não nasceu, vais ter de o parir
Empenha-te para a tua filha não ser como a mãe
Dá um salto maior, que isto com filhos fica aquém
Mulher, vais à luta, és força motriz
O mundo não anda para a frente sem ti
És mais que uma cara que ilustra o cartaz
És quem trata de tudo, quem pensa, quem faz
Certeza
Firmeza
Dureza
Limpeza
Torrente de sangue quente
E se és diferente, empurra a barriga e vai para a frente
Só vais ser igual na sociedade sem classes
Mas pra ti mulher ja sabes que são mais os impasses
Há que por mãos à obra, palavras leva-as o vento
Mulher tu corre pra chegares ao fim da História ao mesmo tempo
Quando a morte me levar
Irei de cabeça erguida
Não tenho medo da morte
Tanto como tenho amor à vida
Quando me quiser
Leva uma alma pura
Leva um corpo sem vergonha
Peito aberto cheio de ternura
Não sou feita de pedra
Mas sou dura de roer
Sou fácil de apanhar
Mas difícil de esquecer
Sou uma mulher
Que vai dentro do caixão
Sou a voz da minha gente
Que se ergue em cada canção
Que cara triste é essa que trazes, camarada?
Aos olhos do mundo estive só em casa fechada
Memória de cem anos teima em não ser apagada
De pé que a nossa luta ainda não está acabada